quinta-feira, 10 de março de 2011

1. RITA PAVONE

 RITA PAVONE    BBL-147   RCA Victor – lançamento:  Outubro de 1963

1.  La partita di pallone [Carlo Rossi-Edoardo Vianello] – A partida de futebol
2.  Abbiamo sedici anni [Dino Verde-Bruno Canfora] – Nós temos 16 anos
3.  Clémentine Chérie [Camucia-Tallino] – Querida Clementina
4.  T’ho conosciuto [Carlo Rossi-Dansavio] – Eu te conheci [na outra noite]
5.  Sul cucuzzolo [Carlo Rossi-Edoardo Vianello] – No pico [da montanha]
6.  Le lentiggini [Dino Verde-Bruno Canfora] – As sardas

1.  Il ballo del mattone [Dino Verde-Bruno Canfora] – O baile da lajota
2.  Come te non c’è nessuno [Migliacci-Oreste Vassalo] – Igual a ti ñ há ninguém
3.  Cuore [Heart] [Barry Mann & Cynthia Weill; v.: Carlo Rossi] – Coração
4.  Alla mia età [Carlo Rossi-Roby Ferrante] – Na minha idade
5.  La commessa [Carlo Rossi-Piero Piccioni] – A balconista
6.  Amore twist [Bovenzi] – Amor twist


Primeiro LP de Rita Pavone lançado no Brasil, ficou melhor que o original,  pois contém ‘Cuore’ em lugar de ‘Pel di carota’.

LA PARTITA DI PALLONE’ abre o LP brasileiro com uns dos ‘riffs’ mais famosos da Era do Rock. A engenhosa abertura com guitarra, bolada pelo maestro argentino Luis Enriquez, foi, realmente o ponto que chamou a atenção do público para uma canção que já tinha sido lançada anteriormente, por Cocky Mazzetti, outra cantora jovem, mas que ‘passou batido’ pelo publico italiano.  Rita tinha acabado de vencer o Festival dos Desconhecidos, em Setembro de 1962 e assinou contrato com a RCA Italiana, como parte do pacote por  ter vencido tal certame.

RCA lançou o 45 rpm em Outubro, e a força de sua voz e seu entusiasmo prendeu a atenção do público peninsular, levando o disco para o 1º lugar.  Pensando bem, ‘La partita di pallone’ não é uma musica extraordinária, mas a interpretação e o arranjo são excepcionais. Talvez aí esteja o segredo do sucesso estrondoso, que abriu as portas da Italia [e do mundo] para essa pequena [grande] cantora vinda de Turin.  Relata a desconfiança de uma moça recém-casada, cujo marido sempre a deixa sosinha aos domingos, para ir assistir seu time jogar futebol.  Ela se revolta contra o descaso do rapaz, pensando que ele talvez esteja mentindo-lhe, e diz-lhe a queima-roupa se continuar assim, ela voltará para a casa da mãe. Talvez a proximidade do lançamento de ‘Pallone’ com o final  da Copa do Mundo de 1962, no Chile, tenha contribuído para o ‘estouro’.  A  Squadra Azzurra se classificou bem, mas o Brasil foi quem se sagrou bi-campeão, com os talentos de Garrincha e Amarildo.

ABBIAMO SEDICI ANNI’ – tema de abertura do programa ‘Alta Pressione’, o ‘Studio Uno-dos-jovens’ rockeiros italianos.  Cantada aqui por Gianni Morandi e Roby Ferrante, com vozes duplicadas e triplicadas para parecer que fossem eles I Collettoni [os rapazes de colarinhos-altos], grupo de dançarinos que ajudavam Rita na apresentação do programa. Dino Verde escreve sobre as varias atividades juvenis da época, como carros go-kart, juke-boxes, blue-jeans, cabelos longos, notas baixas em Latim, torcidas não-organizadas, campeões de futebol, etc. Musica de Bruno Canfora, o maestro-de-plantão do programa ‘Pressão Alta’. A ultima estrofe diz: Somos fãs de jogadores de futebol e cantores populares, mas nós torcemos só pela Rita, Rita, Rita ... Pa a vo o ne!!!

CLÉMENTINE CHÉRIE’ – o inspiradíssimo Luis Enriquez inova outra vêz, pondo a Marcha Turca, de Mozart como introdução desse rock ‘escatenato’.  Rita conta a história de uma menina que vive num mundo de fantasia, que vê peixes vermelhos no céu e pombos no mar... Pavone canta-a num filme homônimo rodado na França em 1963.

T’HO CONOSCIUTO’ – lindíssima balada, onde Rita prova que é cantora de ‘marca maior’.  Foi gravada tb. por Edoardo Vianello, Rosy e outros, mas essa gravação é insuperável.  Note a linha do baixo. Conta a historia de uma moça que acaba de conhecer um rapaz numa ‘festa de amigos’ e já está perdidamente apaixonada. Dansavio, é na verdade, pseudônimo do maestro Ennio Morricone, em mais uma de suas obras-primas.

SUL CUCUZZOLO’ [della montagna]  - No pico da montanha –  tem na introdução um coral Alpino típico, vindo logo em seguida o instrumental rockeiro. Edoardo Vianello, um dos autores, a gravou tb., mas Rita supera a todos. No Brasil fêz muito sucesso entre as crianças, pois a palavra ‘sci’ [ski] repetida, formava o som ‘xixi’, que as crianças adoravam.  Que criança não gosta de falar ou brincar com xixi e cocô?  Na verdade a canção é a descrição de um ‘resort’ de ski, com teleféricos, skis, neve, escarpas, etc. É o apogeu dos esportes de inverno.

LE LENTIGGINI’ – mais uma colaboração do letrista [paroliere] Dino Verde com o maestro Bruno Canfora, ambos trabalhando na produção de ‘Studio Uno 63’, o qual Rita Pavone acabou , à última hora, substituindo Mina, que havia ficado grávida, tendo que abandonar o projeto. Sorte de Rita, que tinha acabado de ser a apresentadora de ‘Alta Pressione’.  A sorte favorecia Rita de todos os lados.  Em ‘As sardas’, Verde escreve um texto exclusivamente para a Sardenta-maior.  É humoristico, pois apresenta uma Rita que faz de tudo para esconder as famosas sardas: carrega no rímel, pó-de-arroz; veste-se bem;  mas não adianta, o namorado diz que não sai mais com ela, pois ela tem muitas.... sardas. ‘É por causa dessas sardas horriveis que seu beijo nunca conhecerei’.

IL BALLO DEL MATTONE’ – O baile da lajota – que era uma contra-partida das danças mais frenéticas, tipo rock, twist, hully-gully, madison, etc. O baile da lajota era aquele que o casal ficava práticamente ‘parado’em cima daquele quadradinho no chão... era o ‘mela-calça’ da época.  A letra diz que a moça vai dançar rápido com todo mundo, mas na hora do ‘dançar agarradinho’, ah, vai ser com o escolhido. Outra composição de Verde & Canfora, exclusivamente para Rita.

COME TE NON C’È NESSUNO’ foi o segundo maior sucesso de Rita, logo em seguida de ‘La partita’.  Balada das mais felizes, com arranjo impecável de Enriquez.  Uma pérola em todos sentidos, tanto de musica como de letra.  A longuíssima nota final ficou famosa, com seus vários compassos até [quase] a perda de respiração da Jaguatirica, que tinha pulmões de ferro.

CUORE’ [Heart] é a única versão neste microssulco.  ‘Cuore’ se tornou a ‘marca-registrada’ de Rita durante sua carreira, até aparecer ‘Fortissimo’, em 1966. ‘Cuore’, na verdade, não aparece no LP original, pois lançado em 45 rpm mais tarde. Composição do casal Barry Mann e Cynthia Weill, que em ’64 lançaria ‘You’ve lost that lovin’ feeling’;  foi gravada originalmente por Wayne Newton, cantor famoso em Las Vegas. Carlo Alberto Rossi fez uma versão para o italiano muito incrível e Luiz Enriquez fez o resto, colocando um baixo solitário durante a duração da gravação, que representa as batidas do cuore-coração, além de um incrível repique de bateria, e até castanholas; isso, sem contar o imenso coral ao fundo. Enriquez deve ter se inspirado na ‘Wall-of-sound’ [parede de som] de Phil Spector, então o manda-chuva da gravadora Phillies [Philadelphia]. ‘Cuore’ pôs Rita Pavone no mapa das ‘cantoras verdadeiras’, já que até então ela era considerada apenas ‘rockeira’.

ALLA MIA ETÀ’ foi o terceiro sucesso consecutivo de Rita.  Uma balada muito bonita, talvez, inspirada em ‘Tous les garçon et les filles’, da Françoise Hardy, já que o tema é semelhante... as descobertas da adolescente assim que a puberdade se instala.  A seqüencia de acordes é previsível, dó, lá-menor, fá... mas o Oh oh oh de Rita já convence desde o início.  Composta por Roby Ferrante, jovem cantor-compositor, que assina aqui como Robifer, e que teve as portas do sucesso abertas por esse ‘single’; tendo morrido, prematuramente, em acidente automobilistico em 1966.

LA COMMESSA’ [A balconista] – uma pérola essa faixa.  Um acompanhamento jazzístico impecável, com Rita fazendo um ‘scat’ a la Ella Fitzgerald no interlúdio.  A histórinha é mais interessante ainda:  uma mocinha que trabalha de balconista numa loja, não vê a hora ‘di chiusura’ [acabar o expediente], para que seu amado a venha buscar.  ‘Oi, eu direi, e com ele, eu me irei’ [Ciao, amore, gli dirò, poi con lui me ne andrò].

AMORE TWIST’ – encerra o LP esse twist que foi o lado B do 1º compacto da Pavone. ‘Amore twist’ fazia sentido em ’62, mas já estava ‘defasada’ em ’63, já que o twist já tinha caído de moda.  Mesmo assim é uma ótima gravação. Rita canta-a em um dueto sensacional com Gianni Morandi em ‘Alta Pressione’.




Nenhum comentário:

Postar um comentário